Devo confessar que tive bastante dificuldade para completar esta tarefa, uma vez que estão em causa valores e princípios morais de cada um. Qualquer opção revela não só um pouco de nós mesmo mas também um pouco das diferentes concepções que temos sobre diferentes crimes.
Embora tenha ficado primeiramente surpreendido com a opção da maioria em libertar o Manuel Pernas, depois de reflectir um pouco sobre ela até é compreensível. Esta opção é baseada numa cultura e sociedade que tende a desvalorizar o uso do álcool, de forma a desresponsabilizar cada um das suas acções. Ou seja, o crime cometido por este sujeito ficou centrado no consumo de uma substância que alterou o seu padrão típico de comportamento, e não na dimensão da acção em si. Para mim é mais do que obvio que um atentado contra a integridade física de alguém é um crime sempre de maiores dimensões do que um furto, por maior que ele seja. Já diz o povo “A saúde sempre em primeiro lugar” e tendo por base este juízo nunca poderia escolher o Manuel como possível opção para sair, mesmo considerando todas as reabilitações e atenções que foi alvo para gerir o seu problema.
Tendo por base o mesmo pressuposto que usei para o Manuel, julgo que, embora numa linha inferior, tanto o João Sotavento como Luís de Carvalho se encontram excluídos da opção de serem libertados, uma vez que ameaçaram atentar contra a vida de terceiros.
Resta como possíveis opções a Maria Couce, Henrique Souto e Ana Ribas. No meu entender e interpretação Henrique foi o único que não mostrou grande arrependimento uma vez que é seu passatempo contar os seus crimes aos amigos. Penso que deve ser mantido preso com base na falta de escrúpulos e base moral sobre o seu erro.
Por exclusão de partes resta Maria Couce ou Ana Ribas. Qualquer uma não transparece confiança em não voltar a praticar crimes, no entanto a ter de optar por uma penso que optaria por Ana Ribas. Esta jovem está claramente confusa e perdida uma vez ter sido abandonada pela sua família. A prisão só a levaria a entrar numa espiral ainda mais funda, onde crimes maiores acabariam por se sobrepor. O facto de consumir droga e roubar para satisfazer os seus vícios comporta um desajuste com os padrões da sociedade, especialmente porque esta não o faz por necessidade, mas por capricho. Não é certo que esta sujeita não voltaria a reincidir sem orientação profissional, no entanto esta apresentou um crime que não envolve directamente outros e que não atentou contra a vida de ninguém e deste modo a minha escolha.
Nota: É certo que esta não foi a escolha da maioria e que portanto poderá surgir discordâncias relativamente a ela, no entanto devo relembrar que esta opção está subjacente a princípios morais, de personalidade e culturais e portanto qualquer escolha será sempre alvo de criticas. O difícil neste exercício é mesmo escolher, pois sabemos à partida que qualquer escolha tem sempre um aspecto negativo adjacente forte.
Mare Nostrum
Somos um, somos unidos
e juntos vamos lutar
pra levar este navio
a um bom porto chegar
Na primeira estamos juntos
e aqui vamos ficar
orgulhosos, destemidos
Portugal vamos Honrar
O destino que escolhemos
serve na terra e no mar
lutamos pela bandeira
de uma força singular
e juntos vamos lutar
pra levar este navio
a um bom porto chegar
Na primeira estamos juntos
e aqui vamos ficar
orgulhosos, destemidos
Portugal vamos Honrar
O destino que escolhemos
serve na terra e no mar
lutamos pela bandeira
de uma força singular
sábado, 27 de dezembro de 2008
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4 comentários:
Não pude deixar de ler o teu pensamento e parar para reflectir um pouco. Pareces-me alguém que gosta de reflectir e observar os outros, seus movimentos e opiniões antes de dares a conhecer os teus. É obvio que esperaste pelas publicações dos outros para as poderes analisar, mas ja trazias a tua opinião formada pois não optaste "libertar" o mesmo que a maioria o que me leva a pensar que preferes ver os argumentos que os outros exprimem para os poderes contrapor. Assim sempre é mais fácil mas também não será a mim que me compete analisar isso. Compete-me sim analisar a tua escolha e ai sempre posso esgrimir uns argumentos. Para te poupar trabalho eu defendi o Manuel Pernas (o da maioria) o que nao tem mais validade por isso. O que tem validade sim são os factos e a capacidade argumentativa de cada um, e a tua apesar de ser muito boa (considerada por um leigo na matéria) ela falha em alguns aspectos. Creio que ao escreveres demais te perdes no raciocínio e acabas por te contradizer. Senão vejamos:
"...libertar o Manuel Pernas, depois de reflectir um pouco sobre ela até é compreensível. Esta opção é baseada numa cultura e sociedade que tende a desvalorizar o uso do álcool, de forma a desresponsabilizar cada um das suas acções Ou seja, o crime cometido por este sujeito ficou centrado no consumo de uma substância que alterou o seu padrão típico de comportamento, e não na dimensão da acção em si." e depois escolhes libertar a Ana Ribas argumentando "O facto de consumir droga e roubar para satisfazer os seus vícios comporta um desajuste com os padrões da sociedade, especialmente porque esta não o faz por necessidade, mas por capricho.", ou seja vendo do teu ponto de vista um homem que vai a um bar bebe uns copos e da uns murros a outro e é condenado por isso merece menos desculpa e é mais difícil de recuperar, merece menos deculpabilização por parte de nós sociedade (ou turma como preferires) do que alguém que tinha tudo para ter uma vida confortável (pois tinha uma família abastada) e escolheu o caminho da droga (cujo consumo por si só é já crime) e do roubo para se satisfazer, visto que a família decidiu não pactuar. Ou seja para ti é menos gravoso drograr-se e roubar do que beber uns copos a mais. Além disso é melhor roubar por capricho do que e lutar por outra pessoa. Se ainda não te fiz ver qualquer ponto nisto tudo lembro-te que quem se droga tal como no álcool também perde o controlo das suas acções e o consumo de drogas (distinguidas, individualizadas e reconhecidas por lei) é em Portugal estritamente proíbido.
Z
Olá Mr. Z e obrigado pelo teu feedback.
Foi interessante ler o teu comentário e ao contrario do que possa parecer não quis de forma alguma dizer que a minha escolha seria a mais ou menos correcta, pois penso que não é esse o objectivo do exercício.
Em primeiro lugar não entendo muito bem no que é que me contradigo, por isso vou tentar esclarecer-te melhor sobre os meus pontos.
Também tenho alguma dificuldade para entender o julgamento que fizeste de ter demorado mais a elaborar um comentário. Não foi de forma alguma para analisar os comentários dos outros, foi sim porque tive mais dificuldade em tomar uma decisão.
Claro que eu não disse que consumir drogas era melhor do que consumir álcool, alem de que como referiste e bem, o consumo de drogas é ilegal por lei enquanto o de álcool nem por isso (salvo excepções particulares como é o caso da condução). Quem lê o teu comentário quase que pode fazer essa interpretação. Quero que fique claro que não estou de forma alguma a despenalizar o consumo de substâncias ilícitas. No entanto e se leres com atenção os textos das exposições dos crimes, esta claríssimo que um crime foi cometido devido ao consumo de uma substancia que também é uma droga (embora legal) enquanto a outra não teve qualquer relação com o consumo de drogas, mas sim o de satisfazer um capricho (o de viajar).
Também não entendo o comentário feito por mais de uma pessoa, que a Ana Ribas já tinha tido, citando uma parte do teu texto, “tudo para ter uma vida confortável (pois tinha uma família abastada)”. Portanto uma pessoa por ter dinheiro significa que tem tudo para estar bem na vida?!? Desde quando o dinheiro é sinónimo de uma educação e integração de valores de forma adequadas? É totalmente desconhecido para ti que as pessoas ricas muitas vezes têm problemas significativos a nível social e emocional? É assim tão estranho que uma criança ao não ter a sua referencia base, a família, para o seu desenvolvimento vai criar padrões de comportamento muitas vezes desajustados? Não consigo compreender uma família que vira as costas a um filho por maior que tenha sido o seu crime. Não estou a dizer que a família deve entender e pactuar com tais situações, o que estou a dizer é que não entendo como é que uma família abandona um filho. E esta situação pode reflectir um pouco o tipo de família que a Ana possa ter tido, uma família ausente e distante, sem laços afectivos.
É difícil de fazer estas interpretações com tão poucas informações que nos foram dadas, mas no meu entender o desajuste que esta pessoa encontra perante os padrões da sociedade, tem por raiz a própria família. Sim, a mesma família que lhe deveria ter dado tudo para poder ser uma pessoa com “tudo para ter uma vida confortável”.
Portanto o que eu posso deduzir do teu julgamento é que o dinheiro é o principal factor para alguém estar ajustado com os padrões normais da sociedade. E já que estamos numa de suposições, porque haverei de dar uma segunda oportunidade a uma pessoa que tem uma família que se preocupa e lhe dá tudo como é o caso do Manuel? Não deveria esta pessoa ter padrões morais e de responsabilidade mais elevados do que alguém que muito possivelmente nem o suporte familiar teve para um desenvolvimento ajustado?
Voltando a relembrar, esta é a minha opinião, que se baseia na minha experiencia de vida e valores. Não digo que são os mais correctos, mas para mim um homem que vai a um bar e que sabe que fica violento quando embriagado, atentando contra a integridade física de outros, mas que mesmo assim bebe, no meu entender é mais gravoso que uma pessoa que rouba jóias para poder viajar e satisfazer outros caprichos que não atentam contra a vida de ninguém.
Nota: Peço desculpa se escrevo demais, mas há assuntos que não são fáceis de serem julgados com dois parágrafos.
Rock Lee,
Tu que te baseias na tua experiência de vida e valores quem achas que tem mais vantagens a nascença? Alguém que nasce numa família rica e que tem ao seu dispor ao longo da vida todos os meios indispensáveis a sua boa educação embora não tenha pais presentes ao seu lado, ou alguém que nasce sem nada na vida, quem tem que estudar e trabalhar para se sustentar a vida inteira e que se calhar até teve de roubar para comer? Quem te parece a ti? Achas sinceramente que por se ter uma vida boa, é-se abastado e se é mimado com objectos em vez do afecto parental é uma justificação para cometer crimes? desculpa-me se não vejo as coisas desse modo...
Mas falar assim é muito supérfluo por estarmos a entrar no campo da suposição e esse não me parece nem o objectivo deste trabalho nem o nosso futuro objectivo enquanto agentes secretos de sauron. Parece-me que analisar os factos, esse sim será o verdadeiro objectivo pois indagar suposições será mais ou menos como falar sobre as arbitragens.
Saindo então do campo do suposto e entrando no dos factos analisemos então o que está escrito e nos é facultado entre os dois que ambos escolhemos libertar visto que os outros foram por nós descartados. O Manuel embebeda-se frequentemente e nesse estado torna-se violento mas, apesar deste relato o único crime que cometeu foi o de ferir outro homem numa disputa que envolvia uma rapariga. Vejamos agora a tua escolha a Ana: manteve actividades criminosas de contrabando durante vários meses o que por si só implicará á partida vários crimes. Não bastando isso é também consumidora de drogas. Tudo isto porque a menina gosta de fazer sabe-se la que tipo de viagens porque a palavra viagens aparece-nos ente aspas o que lhe confere um outro significado a essa mesma palavra. E quando dizes que a Ana não atentava contra ninguém esqueces-te que ao roubar e ao contrabandear atenta contra o dono legítimo dos valores e se rouba o estado, rouba-nos a todos. Isso também é atentar contra os outros.
Estamos perante uma pessoa que cometeu um crime, e uma outra que cometeu inúmeros. Quanto a libertação cada um fará o escolha a seu jeito.
Num jeito de terminus queria apenas que percebas que o que eu acho é que ao escreveres muito e não reler o que escreves que te confundes e trocas as ideias como o fizeste e eu te apontei. Foram tuas as palavras e não minhas. Se ficaste mais aborrecido com essa opinião não te zangues comigo pois foi uma opinião construtiva. zanga-te antes contigo. Agora se escreves em um, dois, dez ou mil parágrafos e inteiramente contigo.
Queria finalizar a desejar-te um feliz ano novo
Hasta,
Z
Olá Mr Z, mais uma vez obrigado pelo teu comentário que mereceu toda a minha atenção.
Está mais do que claro que abordamos a questão de pontos de vista diferentes, isso no meu entender é saudável. Gosto de me manter aberto a novas ideias e opiniões.
Para mim o dinheiro nada tem haver com a construção de valores morais e éticos nem com a educação que cada um possa ter. Portanto e para responder à tua questão penso que quem tem mais vantagem à nascença, neste caso, não é quem tem mais dinheiro, mas sim quem tem à sua volta pessoas que proporcionem um desenvolvimento enquadrado com os valores morais e éticos da sociedade. Mais uma vez, e para provar que eu não me contradigo nem me perco no raciocínio, aconselho que dês mais uma vista de olhos de forma atenta ao que escrevi e que exista um pouco mais de cautela nas interpretações que fazes.
Também me parece que referi anteriormente que a informação que nos era fornecida era muito pouca e portanto daí a naturalidade em muita gente fazer interpretações e suposições (mais no caso do Manuel, pelo que me foi dado a entender, do que qualquer outro elemento).
Claro que é fácil “atacar” qualquer escolha que façamos, o que é difícil neste exercício, como também já referi, é escolhermos mesmo uma pessoa. Sinceramente não me agradou escolher a Ana Ribas (ou a Maria Couce, pois foram as minhas “sobras”). No entanto para mim a vida humana será sempre alvo de prioridade. Para mim, uma agressão física que possa causar danos permanentes ou a morte, será sempre mais grave do que o maior roubo do mundo. Foi nesse sentido que referi que a Ana não atentava contra ninguém. Para ser mais claro, para não dizeres que depois me baralho: Antes ficar pobre e sem nada, do que perder a vida!!!
O que me chocou na escolha do Manuel nem foi a escolha em si, pois como já disse, qualquer um é livre de interpretações e juízos morais adjacentes a cada um, o que me chocou mais foi a desvalorização que se fez do consumo de álcool para justificar um acto criminoso. Foi esse motivo que me fez ter uma reflexão maior sobre esta escolha, mas que não teve qualquer intuito de “atacar” os colegas que o escolheram.
Para terminar Mr Z, gostava que não ficasses com a ideia que fico aborrecido ou zangado com a tua opinião, antes pelo contrário, fico contente por poder trocar opiniões. Essa ideia foi concebida por ti, porque talvez afinal és tu que estás a ter alguma dificuldade em entender o que estou a transmitir, porque ao contrário do que afirmas, eu até releio, mais do que uma vez, o que escrevo portanto não tenho que ficar zangado comigo próprio como sugeres.
Ideias e opiniões construtivas serão sempre bem vindas da minha parte.
Um grande abraço e um excelente ano novo para ti e aos restantes colegas.
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