Que teria acontecido?

Entre as duas hipóteses apresentadas, de suicídio ou assassinato, após análise, acho que foi um acidente. Nenhum dos personagens envolvidos tem perfil de assassino ou de instigador ao suicídio. Tal como não encontro qualquer indício de que Anabela fosse capaz de pôr termo à sua vida. A vida é um bem precioso, de contornos sérios e voláteis, não deveria ser permitido jogar ou manietar o seu curso. Mas sendo um conto policial, sujeito à fantasia e a uma tentativa de transcrever a realidade para o papel, ou seja, uma forma de arte,rendo-me a uma análise mais séria deste texto.
Numa perspectiva surreal podemos expor inúmeras situações que originaram a queda desta personagem o que não seria de todo errado, pois muitas vezes a arte resolve a arte. Algo que não farei, como é de esperar de todos vós.
Não posso deixar de referir que o leitor é quase enganado pelo texto quanto às causas da morte de Anabela. Pois lê-se que ela caiu de um dos andares, mas o corpo estava intacto, apenas o sangue escorria-lhe na zona da cabeça. Qualquer corpo que seja sujeito a uma queda dessas é quase impossível que não fique de qualquer forma deformado, só se a queda ocorre-se do rés-do-chão ou do 1º andar. O que deixaria como única hipótese, que tivesse ocorrido do andar onde vive o Tó Jó, o único andar de personagens participantes e faladas no texto, do qual não sabemos a localização, Excluindo o andar do casal que era sempre visto no elevador, se isso acontecia certamente viveriam acima do 1º andar. Por isso, se fossemos analisar esta morte sem olharmos à influencia do texto, diria que simplesmente escorregou e caiu junto ao prédio, batendo com a cabeça no chão, ou que se suicidou do andar do Tó Jó, ou ainda que o Tó Jó a empurrou. Como já referi, não vejo este personagem capaz de matar Anabela. Nem ela capaz do suicídio.
Se por influências superiores, tenho de vos dar uma resposta concreta, voto por suicídio do andar do Tó Jó. Simplesmente pelo facto de não resistir aos seus encantos e ao mesmo tempo achar-se tão feia que não era merecedora do seu Amor, que o modelo insistia em demonstrar tão avidamente.
Godot